sábado, 24 de novembro de 2012

A desconstrução de Baku


O desenho de vanguarda, as curvas suaves e os vidros espelhados, ao fundo de antigas construções, me chamaram atenção. O conjunto, formado por 3 torres de vidro, está na cidade de Baku, capital do Azerbaijão, na antiga União Soviética. Chamados de Flames Towers, os prédios fazem parte de um projeto ainda maior, que envolve obras públicas, planejamento urbano e a construção de diversas edificações para os mais variados fins.


O crescimento econômico do Azerbaijão tem números invejáveis, gerados principalmente pelo petróleo, e este volume crescente de dinheiro abriu um grande espaço para o investimento no setor imobiliário.

Baku existe desde o século VI e está na lista de cidades patrimônio mundial da Unesco e da Sister Cities International. Possui uma arquitetura com edifícios ecléticos do século XIX e prédios com a então imposta arquitetura comunista, misturados às relíquias históricas persas e otomanas.


À este patrimônio, até há pouco tempo fechado para o resto do mundo, juntam-se os novos investimentos imobiliários assinados por arquitetos de várias partes do mundo, famosos por seus trabalhos dentro do movimento desconstrutivista, da arquitetura pós-moderna, caracterizada pela fragmentação, pelo desenho não linear, com a manipulação da superfície com formas não retilíneas, dando uma aparência visual final dos edifícios que pode-se definir como um caos controlado. Nada é previsível e esta expectativa torna estimulante esta nova arquitetura.

Alguns dos projetos adentram sobre o litoral do mar Cáspio, como os espetaculares Full Moon Hotel e Crescent Hotel, projetados pela Heerim Architects & Planners, da Coréia do Sul. 



Os coreanos da Heerim também assinam outros edificios, como a sede da estatal de petróleo Socar e o planejamento para a waterfront de Baku.






Uma das obras mais impressionantes é o Centro Cultural Heydar Aliyev, assinado pela arquiteta Zaha Hadid, iraquiana, radicada em Londres e conhecida mundialmente por seus projetos ousados, grande parte deles, conceituais e identificados pela corrente desconstrutivista.

 

O plano para a White City, assinado pela WS Atkins & Partners faz uma completa alteração urbana em uma área de 230 hectares, além da construção de diversos prédios.



A preocupação ecológica também faz parte desta reformulação geral. O projeto assinado pelos dinamarqueses da BIG Architects é um gigantesco plano em uma área de 1000 hectares, na ilha Zira, para um resort 100% não emissor de carbono.


Os americanos Asymptote assinam um corredor eco-cultural ligando o mar aos centros históricos e contemporâneos. O vídeo a seguir mostra como ficará este projeto depois de finalizado.

 

Muitas críticas sobre estes projetos vêm sendo feitas, como em todos investimentos deste porte. O governo é frequentemente criticado de ser repressivo, as normas sociais conservadoras limitam o papel das mulheres na vida pública da cidade e a desigualdade entre ricos e pobres vem aumentando a cada ano em Baku.

O Azerbaijão realizou um planejamento muito bem organizado, voltado não somente aos investidores, mas também para população local, com a precupação na criação de espaços culturais e forte investimento na educação.

Baku se candidatou para ser sede dos Jogos Olímpicos de 2020 e, pelo que a cidade vem investindo, não duvido que seu nome seja escolhido. A cidade tem os requisitos necessários para ser, em breve, um dos roteiros turísticos mais procurados do mundo.




segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O inimaginável possível

Quem pode dizer que nunca parou para olhar uma imagem e sentiu como se estivesse sendo transportado para outro mundo? Algumas vezes, uma imagem nos mostra tantas coisas que nos transportamos para a sua essência e vivenciamos experiências fora da nossa realidade. 

 
A fotografia para mim é como uma permissão para frequentar o inimaginável. Com um clique eu posso fazer o tempo parar, fazer o amor ser eterno, as gotas de chuva esquecerem que a gravidade existe, posso eternizar um olhar. Posso até mesmo me atrever a sentir o cheiro da flor que capturei no final do dia, quando o sol já estava indo embora, mas que também ele ficou alí, aquecendo de dourado o meu céu.

Posso escutar o barulhinho da água correndo, sentir a textura e o calor da rocha ao sol, tem empatia pela dor e o sofrimento das pessoas, ouvir a gargalhada gostosa da criança, sentir o cheiro do café fresquinho, odiar a estupidez humana que destrói nosso planeta, me solidarizar com a luta contra todo o tipo de preconceito. A fotografia pode ser tudo isso e permite que a gente experimente tudo isso. 












 




 

sábado, 17 de novembro de 2012

O mundo paralelo de Ji Lee


Congele o tempo por alguns instantes e pare para apreciar um pequeno mundo paralelo a este nosso tão cheio de problemas. Hoje vim falar de um outro projeto (veja aqui a matéria anterior) do designer coreano Ji Lee, o Parallel World. Miniaturas, estrategicamente localizadas em pedacinho nos tetos de edificações. Magia delicada, rica em detalhes, que coloca nossa forma de pensar, literalmente, de cabeça para baixo. 

A série convive pacificamente com as loucuras da nossa rotina diária, e quando nos deparamos com um desses trabalhos, podemos pensar que ainda existe alegria dispersa no ar, que preenche espaços antes vazios. Nas edificações ou dentro de nós mesmos.

Nos trabalhos, Lee mostra quartos, salas, museus em miniatura, pedacinhos de imaginação, todos colocados de cabeça para baixo. Uma forma de resgatar o passado, quando os tetos recebiam os mesmos cuidados que o resto da construção, fato que se perdeu com o tempo, principalmente na arquitetura moderna, mais funcional. Lee busca preencher este espaço que ficou sem uso, vazio, utilizando uma linguagem própria e especial, seu mundo paralelo, que ele compartilha com quem tiver olhos para ver.
 



 Lombard_detail2
 Instalação na Casa Lombard


 Instalação Otherworldly, no Museu  de Artes e Design, em Nova York


Instalação no Google Office, New York



 Instalação no Google Office, New York

Ji Lee colabora com o New York Times e em outras publicações dos EUA. Foi diretor de criação do Google e agora está atuando no Facebook.  Site do designer: http://pleaseenjoy.com/

O minimalismo genial de Ji Lee


Quando nos deparamos com os trabalhos do designer Ji Lee, a pergunta que nos vem imediatamente à cabeça é: como eu não pensei nisso antes!?



Horizon
 
Falar de sua obra é realmente um grande prazer, pois encontrar um trabalho como o dele faz a gente acreditar que boas ideias ainda existem. 

Lee tem a capacidade de tranformar coisas simples em criações geniais. Um exemplo disso foi o "Word as Image", resultado de um projeto antigo, que começou há cerca de vinte anos, como um desafio na sua turma de tipografia, na Escola de Arte. 


O objetivo era fazer com que os alunos olhassem além da palavra, além da sua óbvia função, "quebrando-a" e transformando-a em uma imagem, sem adição de nenhum outro elemento externo. Apenas as próprias letras poderiam ser utilizadas. O resultado você vê agora.
























Em 2011, Ji Lee publicou o livro resultado deste trabalho, contendo cerca de 100 dessas palavras-imagens. Em sua página podemos encontrar um vídeo realizado por Bran Dougherty Johnson, feito para promover o livro, que faz com que este projeto tome uma forma ainda mais interessante.




Ji Lee nasceu em Seul e foi criado em São Paulo. Atualmente vive em NY e colabora com o New York Times e outras publicações dos EUA. Foi diretor de criação do Google e agora está atuando no Facebook. 

Site do designer: http://pleaseenjoy.com/